Todo pai é ou deveria ser um líder

Em algum momento você já se perguntou por que Deus escolheu Moisés como o líder do povo judeu?

Quando lemos a história de Moisés contida no Pentateuco, verificamos que ele foi uma criança que cresceu no palácio e após a idade adulta se tornou um pastor de ovelhas.

Quando lemos todo o Antigo Testamento, vemos que ali há muitos pastores, como Jacó e Davi, e que eram estimados por Deus. Já no Novo Testamento, o Mestre se intitula como pastor e usa parábolas com este tipo de personagem.

Porque este apreço de Deus pelos pastores?

Os pastores são pessoas zelosas para com suas ovelhas.

Os pastores alimentam, cuidam e levam suas ovelhas para passear.

O pastor deve ter a capacidade de reconhecer cada uma de suas ovelhas individualmente e ao mesmo tempo guiar e proteger todo o rebanho quando sai para pastar.

Uma das principais preocupações que o pastor deve ter é não permitir que a ovelha se separe do rebanho, pois nesse caso a ovelha perdida ficaria sem qualquer tipo de direção, proteção e possibilidades de reencontrar o grupo.

Foi exatamente o que Moisés fez quando uma pequena ovelha deixou o rebanho para ir beber água.

Moisés mostra sua preocupação com a individualidade desta ovelha perdida e foi especialmente procurá-la, mesmo quando ela estava muito longe de onde eles estavam.

E foi nesse momento que Deus apareceu pela primeira vez para ele. Quando está exercendo com zelo seu ofício pastoral.

Você consegue reconhecer o que o Senhor viu em Moisés?

Sendo assim, o pastor tem uma função dupla

  1. por um lado conter cada um dos membros do grupo, reconhecendo-os como indivíduos únicos e,
  2. por outro, saber orientar o grupo como um todo.

Estas são as responsabilidade essenciais que um líder deve ter.

A liderança especial de Moisés foi revelada ao mostrar que além de sua habilidade para liderar o grupo, ele cuidava de cada uma de suas ovelhas individualmente e não as deixaria indefesas.

A partir disso, aprendemos algumas das características necessárias para ser um bom líder. E podemos integrar essas características na formação, como pais, de nossos filhos, e garanto que isso nos levará a enfrentar os conflitos de forma mais efetiva.

Aqui estão algumas das características de um líder, que com certeza irão ajudá-lo, como pai, a criar seus filhos:

  • Um líder é criativo e flexível, de modo que, se as coisas não funcionarem como o esperado, ele busca alternativas para seguir em frente e assim, alcance seus objetivos. Mas, quando necessário, ele sabe como mudar de ideia.
  • Um líder ensina e aprende. Ele não tem medo de cometer erros, pois aprende com seus próprios erros e, portanto, também é compassivo com os erros dos outros e, por isso, perdoa facilmente.
  • Um líder pode reconhecer que não tem todas as respostas e, portanto, sabe como pedir ajuda quando precisa.
  • Um líder sabe dialogar, chegar a acordos e às vezes ceder.
  • Um líder é compreensivo e muito generoso.
  • Um líder não transmite ou instila medo, mas lidera motivando e inspirando confiança.

Às vezes, o líder permite que outros realizem tarefas com as quais ele não concorda totalmente, porque confia nos membros de seu grupo e valoriza seu julgamento.

Os filhos precisam de pais que, em vez de exigir obediência, saibam orientá-los.

Assim, os filhos vão querer seguir os pais porque confiam neles, porque têm a certeza de que o que os pais lhes pedem é para o seu bem e porque enxergam nos pais um modelo digno de imitação.

Portanto, reflita sobre quais características de liderança você deve reforçar em si mesmo, para que seus filhos prestem mais atenção em você.

Inspirado em Lily Schonhaut-Zales

Cristianismo de mente vazia


O que Paulo escreveu acerca dos judeus não crentes de seu tempo poderia ser dito, creio, com respeito a alguns crentes de hoje:

Porque lhes dou testemunho de que eles têm zelo por Deus, porém não com entendimento.

Muitos têm zelo sem conhecimento, entusiasmo sem esclarecimento. Em outras palavras, são inteligentes, mas faltam-lhes orientação.

Que jamais o conhecimento sem zelo tome o lugar do zelo sem conhecimento! O propósito de Deus inclui os dois: o zelo dirigido pelo conhecimento, e o conhecimento inflamado pelo zelo.

Mordecai Richler, um comentarista canadense, foi muito claro a esse respeito: 

O que me faz ter medo com respeito a esta geração é o quanto ela se apóia na ignorância. Se o desconhecimento geral continuar a crescer, algum dia alguém se levantará de um povoado por aí dizendo Ter inventado… a roda.

Estas três ênfases – a de muitos católicos no ritual, a de radicais na ação social, e a de alguns pentecostais na experiência – são, até certo ponto, sintomas de uma só doença, o anti-intelectualismo. São válvulas de escape para fugir à responsabilidade, dada por Deus, do uso cristão de nossas mentes.

Anseio por “um” equilíbrio bíblico, evitando-se os extremos do fanatismo. Apressar-me-ei em dizer que o remédio para uma visão exagerada do intelecto não é nem depreciá-lo, nem negligenciá-lo, mas mantê-lo no lugar indicado por Deus, cumprindo o papel que ele lhe deu.

Livro: Crer é também pensar | John Stott.

Idolatria no meio gospel, é possível?

 


É possível haver idolatria no meio do povo de Deus? Infelizmente, sim — e ela não se apresenta como a maioria imagina. Talvez você pense: “Mas nas igrejas evangélicas não há imagens... então como pode haver idolatria?”. Para responder, começo com um episódio que vivi há alguns anos, ainda novo na fé, dentro de uma livraria de uma conhecida denominação.

Recém-convertido, apaixonado por louvar a Deus — dom que até hoje agradeço — fui até Ribeirão Preto comprar alguns playbacks originais (nada de pirataria, claro). A livraria, ligada a uma igreja, estava cheia. Enquanto muitos olhavam CDs, livros e materiais devocionais, fui direto para a seção de música. Escolhi meus CDs e fui ao caixa, mas o que aconteceu em seguida me chocou.

Era o horário do programa de rádio do líder da denominação. A atendente do caixa me pediu licença e, com uma expressão quase sagrada, disse: “Preciso ouvir o elilim (deusinho) falar.” Vi todos os funcionários abandonarem seus postos só para ouvir um homem... como se fosse o próprio Deus. Ali, percebi: a idolatria gospel existe — e tem nome, voz e microfone.

Foi meu primeiro contato com um tipo de idolatria que não se curva diante de imagens, mas diante de pessoas. Como vim de um contexto católico, onde a idolatria é visual e evidente, fiquei confuso. Com o tempo, entendi: o que vi era um retrato nítido de algo que muitos ignoram — a idolatria evangélica é real, silenciosa e devastadora.

Mas o que é, afinal, idolatria?

Segundo Claudionor de Andrade, é a adoração de ídolos — mas também é qualquer amor que suplanta o amor que se deve a Deus. A Bíblia de Almeida define como qualquer imagem adorada, mesmo que represente o Deus verdadeiro (Êx 20.3-6). Orlando Boyer vai além e diz: ídolo é tudo que se torna objeto de culto — seja coisa, pessoa ou até uma ideia.

No Antigo Testamento, a fé era altar e oração, não imagem. Deus fez questão de proibir qualquer forma que pudesse ser corrompida (Dt 4.12). Os profetas, como Ezequiel, ridicularizavam os ídolos chamando-os de “gilulim” — uma palavra rude que, segundo o léxico hebraico, remete a montes de excremento.

No Novo Testamento, a definição se amplia: idolatria não é só imagem, mas também cobiça (Cl 3.5), imoralidade (Gl 5.19-20), e qualquer coisa que roube nossa atenção de Deus (1Jo 5.21). Em suma: ídolo é tudo aquilo que exige lealdade no lugar d’Aquele que é o único digno (Is 42.8).

Você já se perguntou por que Deus não permitiu que ninguém soubesse onde Moisés foi sepultado? A Bíblia diz que o próprio Deus o enterrou (Dt 34.6), e Judas revela que houve até disputa espiritual pelo corpo dele (Jd 1.9). Por quê? MacArthur e Matthew Henry sugerem: Satanás queria transformar o corpo de Moisés em objeto de adoração. Deus, sabendo do perigo, escondeu o corpo para preservar o coração do povo.

A idolatria é sorrateira. E no episódio que testemunhei, vi com meus próprios olhos o povo se curvando, não diante de uma imagem, mas de um homem. E o mais trágico: mesmo após escândalos e contradições, ele ainda é reverenciado como um “semi-deus”. Isso não é caso isolado. Pastores, pregadores, cantores, mestres... todos sujeitos a serem idolatrados — ou a gostarem de sê-lo.

Hoje, a idolatria virou show. Igrejas pagam verdadeiras fortunas para ter seus “ídolos” no púlpito. Alguns exigem cachês como artistas. Desculpe, mas não consigo chamar isso de ministério. Isso é mercado. São mercadores da fé.

Cornélio se ajoelhou diante de Pedro, e Pedro o repreendeu: “Levanta-te, que eu também sou homem!” (At 10.26). Se Pedro vivesse hoje, talvez ficasse chocado com o tanto de “adoradores de celebridades gospel” que confundem carisma com unção.

Sinto ira (santa, que fique claro) ao ver cantores seculares vestidos de “gospel” em programas de TV, onde o evangelho não é pregado — mas onde os gritos histéricos de fãs substituem o culto. Ganham aplausos dos homens, mas não dos céus. Enquanto isso, os irmãos simples, que louvam com coração puro, são invisíveis na terra, mas conhecidos no céu.

As igrejas lotam para ouvir o “Fulano de Tal”, mas esvaziam nos cultos de ensino. Apóstolos modernos ensinam crentes a "brigar com Deus", como se isso fosse espiritualidade. Enquanto isso, o evangelho é vendido, e o povo se distrai com fumaça e luz.

Tomara que quando esses “elihim” morrerem, sejam cremados e suas cinzas lançadas ao vento. Pelo menos assim, não teremos relíquias para idolatrar.

Uma última pergunta: você viu o nome de Jesus nesse texto até agora? Não? Fiz de propósito. Quis mostrar como, quando o foco está no homem, Cristo some da cena. E é isso que tem acontecido. Os holofotes estão tão voltados para os “ídolos gospel” que já não sobra espaço para o verdadeiro Senhor.

Finalizo com João, simples e direto como sempre:

“Filhinhos, guardai-vos dos ídolos. Amém.” (1 João 5:21)

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